ontem fui visitar a trigésima edição da bienal de arte de são paulo e confesso que fiquei um pouco desapontada. principalmente porque os trabalhos que mais me agradaram foram os mais antropológicos e antigos (período entre guerras e década de 1970), que estão expostos em uma área bastante catalográfica – parece que houve uma tentativa de montar um “arquivo de obras” nessa edição. o que mais me chateou mesmo é que a área de arte multimídia e/ou interativa foi totalmente desconsiderada. não há obra alguma dessa área. paciência.
para o blog, selecionei três dos artistas que mais me agradaram. houveram outros, que irei fotografar em uma próxima visita. =)
o primeiro – e o que mais me agradou – é August Sander (1876 – 1964), com a obra “People of the 20th Century”, onde ele registrou, em mais de seiscentas fotografias, retratos da sociedade alemã do período entre guerras.
“Ao fotografar indivíduos de diversas esferas sociais – desde a vida camponesa oitocentista até a sociedade capitalista –, August Sander criou um catálogo tipológico do povo alemão com mais de seiscentas imagens, que constituem sua mais importante obra: People of the 20th Century[Pessoas do século 20]. Transcendendo a noção de registro e revelando um país em mutação, o trabalho do artista evidenciou estruturas hierárquicas e criou um retrato enciclopédico e sistemático da sociedade de sua época.”
o segundo artista é Bas Jan Ader (1942 – 1975), com sua obra “Thoughts Unsaid, Then Forgotten” (1973).
“Em tom ora dramático ora cômico e desprovidas de contexto narrativo, as performances de Bas Jan Ader evidenciam a noção de vulnerabilidade. Simples, misteriosas e implacáveis, as experiências às quais o artista se entrega parecem indagar o sentido da vida e da existência humanas. As circunstâncias de sua morte – desaparecido no Oceano Atlântico ao tentar atravessá-lo com um veleiro para realizar In Search of the Miraculous [Em busca do milagroso] – contribuíram para a mística em torno dele, como um artista que levou às últimas consequências as indagações sobre o significado e a perenidade da vida.”
o terceiro é último escolhido é a artista Nydia Negromonte (1965 – ), cuja obra eu já tinha visto e experimentado em Belo Horizonte, no Museu de Arte da Pampulha, em junho.
“Construindo sua poética a partir de diversos meios – desenho, escultura, instalação, fotografia, vídeo e intervenções in situ –, Nydia Negromonte propõe questionamentos sobre a força do objeto e os limites da linguagem artística. Utilizando amplo repertório plástico, a artista desmonta expectativas imediatas de entendimento de um projeto artístico e faz dos espaços intersticiais do ambiente de instauração de sua obra uma plataforma para indagações existenciais sobre a instabilidade da substância que constitui os corpos físicos e sobre a relação do humano com os espaços em que circunstancialmente habita.”